2020/10/16

Onde arde e dilacera – Czar D’alma.

Onde arde e dilacera – Czar D’alma. 




Onde arde e dilacera 

 

De um lugar que arde

Cabe em cada ser.

Uns soltam poemas

Outros dissolvem o viver.


 

Quando a rima não couber

Pelo peito apertado, se fizer

O choro que canta em libras

O Sagrado livro do coração molhado.


 

Sem pessoas pra entender.

Alguém que nos dê a mão

Vamos em rebanhos como canção.

Na esperança que rompe o tecido da ilusão.




A cada sonho que se quebra

Da falsidade do que era paixão

Hoje a gente olha o horizonte

E ninguém entende o mapa solidão.




Não consigo expressar e peço perdão

Por que rasga idiomas, dilacera a alma

E mantemos um segredo, um milagre...

Pra que a vida não seja um simples bordão.

 



Então, teus olhos lêem e se vão

Foi interessante e não te lembras mais

Precisa percorrer teus becos, esconder os medos

E tudo aquilo que te iluda no ato frio e tenaz.



Porque a vida anda e não cessa a dor

Enquanto uns dizem sangrando, não!

Eu olho tudo, sorrio e danço um tango

Quando a outra parte se chama, banzo.




Saudades do que jamais vivi

Deixei nos seus olhos e saí

Enquanto tu te envaideces

A dor escondida não cansa e cresce.




A vida que tenho e a gratidão de ser

Parece tão livre, mas é pura prisão

Na liberdade dos horizontes que se casam

Com os céus de onde esperamos razão.




Vejo os dias, amo as crianças, mantenho ternura

Enquanto a vida seja bela num instante

Noutro, ela continua gelada e dura.




Por que eu sou apenas um

Enquanto somos todos assim

Uns mentem e brigam pra dormir

Manter tudo, correr, sorrir e jamais admitir.




 Que éramos tão felizes que esquecemos

Do que tínhamos pra agradecer...

Por que arde e se esconde e ninguém

Ousa tirar de lá, de cá...




ou saber.

 



Onde arde e dilacera – Czar D’alma


2020/10/13

Desejos e delírios vãos - Czar D’alma

Desejos e delírios vãos - Czar D’alma 




Desejos e delírios vãos 




Das noites que ficastes sem dormir

Dos eternos beijos que não ousa engolir

Nas hordas de seu desejo sussurrar em canção.

Estarás sempre em saudades do que não volta de bom.



Mas nos tecidos de tua epiderme

Geme e derrete o êxtase da Verne.

Espera o jovem que vem e desaparece

As noites são de delírios dum sonho e prece.



Ouvi teus delírios outro dia, vim te socorrer...

Mas teus sonhos não lhe acordam,

Apenas em tua pela lhe entorpecem

Nem o quanto estás no tempo a perecer.




As ruas são todas suas agora

E a solidão tua companheira

Sonhas com homens, e da vida o diário

Acorda sempre ao lado de teus próprios diabos.




Te resta uma canção ao lado do vinho.

Queres amores, sequer doas carinho.

Em ti estás o verso certo e dileto

Para dizeres aos prazeres teus, adeus.




Mas a misericórdia abriu a porta

Você afoita corre, mas não acorda

E tudo perfeito se fecha de novo...

Viveu como rainha, morreu como da corte o bobo!




Mas deixei um teu berço eterno

Flores que murcham e frases falsas

Por que nada que se pode colher

É diferente das frívolas e frias palmas.




Mas, enfim eu não resisti

Abri meu coração, chorei por ti.

Sendo uma alma também mortal

Sei que nos amamos pelo caminho igual




Onde a cela da vida estava na língua

E a força do amor nos braços da igualdade

Nem forte, nem luz, nem juiz, mas apenas...

Alguém que lamenta da vida tal fragilidade.



Onde o fôlego cessa e



se encerra toda a vaidade.




Desejos e delírios vãos - Czar D'alma.