2021/03/12

Se Naquele dia – Czar D’alma.

Se Naquele Dia – Czar D’alma.  




Se Naquele dia 

 

 

Se aquele dia voltar por um segundo

No coração a alegria que jamais

Encolhida caberia em nosso mundo.

Meus olhos lhe não veem mais.



Se naquele dia voltássemos

Do beijo a saudade não faltasse.

Que cada toque seja eterno

Que você minha cara fique perto.

 



Por aquele dia virou eternidade

A gente ainda se pergunta

Pra quê tanta resposta

Como se alguém se importa.




 Os dias que vieram, como tempestades

Ondas bravas em nosso peito

Será que restou alguma coisa que bastasse

Ou quem sabe algo do que era lindo e respeito.

 



Se naquele dia o silêncio gritasse

Jamais adeus um ao outro...

Onde o amor não é regado

Só fica o deserto certo 




coração apertado.

 



Se Naquele dia – Czar D’alma.

2021/03/11

Reverso da Saudade (Homenagem à Neusa Santos Souza) - Czar D’alma

 Reverso da saudade (Homenagem à Neusa Santos Souza Czar D’alma)

 





 Reverso da saudade

 

Jamais deixou no chão

A toada da esperança

Rogando pelo sertão

Num sonho de criança.

 



Perfeitos caminhos sujos sozinhos

Arrolados pelos pés no bolso ainda os réis.

Que sonha com furor a vã cidade

Onde o verso rouba tempo, caridade.

 



Mas ali desemborca tais canoas

Nos assombros príncipes e princesas negras

Vão adornar o continente, salvar do repúdio eloquente

A tão desalmada corrente e algema, do banzo grito dissolvente.

 



Vão-se anos, retoma-se os lírios

Porque do fio e a tez vem o brilho.

Aquela canção ficou florida em danças de amor

Deu de mão, o que sem mão alguém lhe furtou.

 



A vida que segue um rio.

Vem um índio sem seca, nem terra...

A pátria adormece e acorda viril

Alguns lhe chamam de pau-brasil.

 



Os reis despertam e outras pernas.

Da senzala e morros nascem intelectuais

Cansados recriam danças e carnavais

Já são cidadãos têm suas próprias festas.

 



São canções, desfiles, braços de campeões.

Tornando-se negro a Neusa Santos dissecou

As bandeiras que quase não mentem suas nações.

Hoje ainda somos a renda que da favela desceu e brotou.

 







Mas seremos mais, teremos paz

Desejo um sorriso que no sertão pousou...

Meu coração de homem não ouvirá mais

A mãe-mulher que de violência se vestiu ou clamou.

 



Seja a paz entre todas as pessoas

Sejam aquelas duendes, outras boas.

Quase todas com sangue, veia e tez

A nação se iluminou e enfim, 























o preto tem vez!

 

 

 

"Reverso da saudade"





(Homenagem à Neusa Santos SouzaCzar D’alma) 


( BA 1948 * - RJ 2008 +)

Foi uma psiquiatrapsicanalista e escritora brasileira. Sua obra é referência sobre os aspectos sociológicos e psicanalíticos da negritude. inaugurando o debate contemporâneo e analítico sobre o racismo no Brasil.