Cadê - Czar D'alma.
Cadê.
Cadê a tua passarela
de ilusões
que permeava quando era
todo sermões
cadê a frase solta, o
riso aberto e a gargalhada...
quando teus planos são
de açúcar e teu amor, nada.
Cadê as coisas lindas,
os dilemas quando abrias portas...
dizias que tuas asas as
eternidades cabiam no bolso
só não entendia como
todos ouviam o teu turvo engodo.
Onde estavas as tuas
filhas de mentiras
onde escondia os teus
tesouros dos escravos
cadê a mulher que
oprimias e o avesso que comias...
Eu vi teu mundo cair
dos céus de tua boca
eu corri atrás de teus
profetas com flores
e não teve quem
pudesse resistir
quando a boca e o corpo
não sabem mentir.
Olhei os teus becos,
tuas armadilhas de pobres
percorria por tantos
universos ao lado de tua privada.
Eu quero a tua cara,
olhando o bloco na avenida.
Eu quero a tua fala,
ainda vestida de na cor depimida.
Iremos ter o teu corpo
por toda eternidade soando,suando e sorrindo
só não teremos as
tuas farsas, percorrendo e enganando as meninas.
Ninguém entende os
boçais
não há verme que não
caiba
fora dos estercos, das
feridas
não vivem sem o cheiro
da carniça.
Eu quero o banzo, o
latifúndio com juros de mora.
Todos sabemos onde o
boçál cabe quando chora.
Na marmita do cidadão
na avenida suja, pedra,
poeira e carvão.
Na eira das esteiras
merenda das crianças.
Na feira, na vitrine
das vaidades
na ferida da vida que
carrega a sacidade.
No portão das prisões
onde moram os pretos
na arma e na farda do
mulato cheia de sangue
no livro fechado das
escolas, das cabeças sem memória
no dia da aventura onde
a praia é cheia
na areia das ilhas
deixadas dos bancos europeus
na mentira que verga e
força a morte apenas dos peões
onde no teu xadrez a
rainha come o peão outra vez.
Cadê o teu legado,
levado, lavado com vil metal
cobiçadas as mãos de
Aleijadinho, o exército de brumadinho...
eu vi a rosa dos ventos
sem canção
sem João do vale no
vale da informação.
Cadê os nomes, cadê a
mudança no bolso...
então, acorda a nação
e retoma o mundo
ao que Peter-Pan some,
ameaça e levou.
Cadê - Czar D'alma.