2021/11/03

Vejo o vento – Czar D’alma.

Vejo o vento – Czar D’alma

 




Vejo o vento. 



Eu vejo o vento...

Abrir as portas dos mares

Assombrar cada medo

Deixado à beira dos altares.




 Eu vi o vento cantar

A melodia mais linda e triste

Um abraço que eu dei...

Que nunca hei de ganhar.


 

O tempo ri, o tempo chora.

Mas me tira desse frio

Diga coisas quentes

E no inverno me namora.




 Em tempo em tempo

O tempo rege e retorna o ciclo

Que deixamos quando nos deixamos

A gente era um barco sem rota ou plano.

 



Mas um dia o tempo volta

Enquanto todo mundo que é assim.

A frieza nos lábios de quem esquece

O amor que jamais notou que não aquece.


 


Eu vi o vento passar

Levar a culpa da rua

Que seu desejo louco

Ousado insistiu em passar...

 



Deixando roupas frias

Corpos quentes

Loucuras da pele

Que enxagua a coisa ardente

Deixando as roupas nuas

Colando o corpo no copo da boca

Pondo a boca no aeroporto

Que decola a minha sóbria loucura.

As coisas que ficaram pra trás

Atrás das palavras que caladas

Mentiam muito mais...

Dizendo o verso da saudade,

Declarando poemas em páginas abertas

Em meio aos teus seios

Perdidos os delírios por devaneios

Onde o vento faz a curva, desce e aquece.

A boca ainda suja do amor que não lhe pertence.

 



Mas ainda nos amamos.

Por que teu sorriso passou por mim

Mentindo os dentes que teu corpo logrou

Pousando em meus braços uma dor...

Onde eu detinha a sede

Mas não mantinha o cansaço.

Do berimbau o cabaço

Da língua à epiderme

Esse órgão tão imenso

Mas que não encheu algo dentro da gente.

 



Então o vento pegou a mala

Vestiu-se de versos e rosas e voou

Agora eu acordo comigo...

Onde meu umbigo me estende 




a mão.

 


Vejo o vento – Czar D’alma.