2022/11/26

A moça e o velho – Czar D'alma.

A moça e o velho – Czar D'alma.




A moça e o velho



Aquela moça ainda pássa

pelas portas da saudade




deixa a marca de quem

abre a boca e sacia toda maldade.




Ela pássa e tudo brilha

eu sei, ela e o velho nada na trilha




nem sabe o quanto fica bem

quando vê o velho e o velho também.




Aquela moça desperdiçou o terço

de todo segredo que o tempo logrou




joga o sorriso, colhe flores e o velho

pode ser mania, mas o velho tem amor.




Ela surgiu em meados da desillusão

ela pássa, ela sorri e o mundo se faz bom!




Com sua pernas de loucura o velho se cura.

Pássa moça, passa o tempo, tudo é fissura.




Ontem o velho passou

a moça cansada do tempo




não esperava que o vento voou

levou o velho e as flores




mas não pode lever aquele amor.




A moça e o velho - Czar D'alma


Obs: EM HOMENAGEM AO FILME, VÊNUS. CONTRA

TODA FORMA DE PRECONCEITO DE IDADE, COR E 

OU GÊNERO!

2022/11/23

Reflexo das sombras – Czar D'alma

Reflexo das sombras – Czar D'alma





Reflexo das sombras.



No reflexo das sombras no muro

onde é feito o grito, repleto universo.




coube a frase das algemas tráfico do mundo

lida o ouro, minério da história e vislumbra o absurdo.




Ainda se encontra algema

quando se mente à memória




as lágrimas de banzo, os cânticos em diáspora

Se veste fuga e refúgio sem refrigério da egrégora.




Mas a gente canta nas avenidas

subindo as favelas a alma ferida.




Tem vida quem come e não dorme

tem lida quem dorme e não sorve.




Longe do próprio universo

perto em mim o amor reverso




reflete o som do canto ou banzo

a lástima de nosso único hemisfério.




Sim, a quem diga que é mentira

não, não há quem diga que é vida




que fora tirada pelos ecos da saudade do verso

rasgada a memória a algema reflete o réu confesso.




Essa gente insiste em brilho habitar

essa gente que nunca se pode matar




nem os umbrais do engenho, nem o açúcar da senzala

Vá querer abrigar o silêncio das crianças sem voz e fala.




Então é outro dia, novembro outra vez

deixem que entrem os perdidos rainhas e reis




até seus príncipes querem estar em si e de volta

ao único gesto tenro que essa terra nos fez.





Que viva o Brasil que nunca se viu

que renasça o Zumbi que jamais vestiu




a verde ameaça canaviais das algemas...

sem dizer que tudo, um dia mentiu 



ou sorriu.



Reflexo das sombras – Czar D'alma