Vejo o vento – Czar D’alma.
Vejo o vento.
Eu vejo o vento...
Abrir as portas dos mares
Assombrar cada medo
Deixado à beira dos altares.
A melodia mais linda e triste
Um abraço que eu dei...
Que nunca hei de ganhar.
O tempo ri, o tempo chora.
Mas me tira desse frio
Diga coisas quentes
E no inverno me namora.
O tempo rege e retorna o ciclo
Que deixamos quando nos deixamos
A gente era um barco sem rota ou plano.
Mas um dia o tempo volta
Enquanto todo mundo que é assim.
A frieza nos lábios de quem esquece
O amor que jamais notou que não aquece.
Eu vi o vento passar
Levar a culpa da rua
Que seu desejo louco
Ousado insistiu em passar...
Deixando roupas frias
Corpos quentes
Loucuras da pele
Que enxagua a coisa ardente
Deixando as roupas nuas
Colando o corpo no copo da boca
Pondo a boca no aeroporto
Que decola a minha sóbria loucura.
As coisas que ficaram pra trás
Atrás das palavras que caladas
Mentiam muito mais...
Dizendo o verso da saudade,
Declarando poemas em páginas abertas
Em meio aos teus seios
Perdidos os delírios por devaneios
Onde o vento faz a curva, desce e aquece.
A boca ainda suja do amor que não lhe pertence.
Mas ainda nos amamos.
Por que teu sorriso passou por mim
Mentindo os dentes que teu corpo logrou
Pousando em meus braços uma dor...
Onde eu detinha a sede
Mas não mantinha o cansaço.
Do berimbau o cabaço
Da língua à epiderme
Esse órgão tão imenso
Mas que não encheu algo dentro da gente.
Então o vento pegou a mala
Vestiu-se de versos e rosas e voou
Agora eu acordo comigo...
Onde meu umbigo me estende
a mão.
Vejo o vento – Czar D’alma.
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