Reflexo das sombras – Czar D'alma
Reflexo das sombras.
No reflexo das sombras no muro
onde é feito o grito, repleto universo.
coube a frase das algemas tráfico do mundo
lida o ouro, minério da história e vislumbra o absurdo.
Ainda se encontra algema
quando se mente à memória
as lágrimas de banzo, os cânticos em diáspora
Se veste fuga e refúgio sem refrigério da egrégora.
Mas a gente canta nas avenidas
subindo as favelas a alma ferida.
Tem vida quem come e não dorme
tem lida quem dorme e não sorve.
Longe do próprio universo
perto em mim o amor reverso
reflete o som do canto ou banzo
a lástima de nosso único hemisfério.
Sim, a quem diga que é mentira
não, não há quem diga que é vida
que fora tirada pelos ecos da saudade do verso
rasgada a memória a algema reflete o réu confesso.
Essa gente insiste em brilho habitar
essa gente que nunca se pode matar
nem os umbrais do engenho, nem o açúcar da senzala
Vá querer abrigar o silêncio das crianças sem voz e fala.
Então é outro dia, novembro outra vez
deixem que entrem os perdidos rainhas e reis
até seus príncipes querem estar em si e de volta
ao único gesto tenro que essa terra nos fez.
Que viva o Brasil que nunca se viu
que renasça o Zumbi que jamais vestiu
a verde ameaça canaviais das algemas...
sem dizer que tudo, um dia mentiu
ou sorriu.
Reflexo das sombras – Czar D'alma
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